O que é Teoria Literária?
Os estudos sobre a literatura remontam Aristóteles com a Poética. Apesar disso, somente no início do século XX, a literatura se estabeleceu como arte ao ser sistematizada no que hoje chamamos de Teoria Literária.
A Teoria Literária consiste no estudo da arte de escrever.
Na Grécia
Na Grécia, A Poética, de Aristóteles, e A República, de Platão, já investigavam a arte da escrita. A primeira, principalmente, com a introdução dos conceitos de mimese e catarse, serviu como livro de regras até o século XVIII.
Em Roma
Em Roma, tivemos Cícero, Quintiliano e Horácio.
Marco Túlio Cícero (107 a.C. – 43 a.C.) foi um importante filósofo, escritor, advogado e político romano, considerado um dos maiores oradores da Roma antiga.
Marco Fábio Quintiliano foi o maior pedagogo romano. A sua pedagogia reconhecia a importância do estudo psicológico do aluno, por isso enfatizava o valor humanístico e espiritual da educação, atribuindo requinte ao ensino das letras e reconhecendo o valor do educador.
Quinto Horácio Flaco (65 a.C. – 8 a.C.) foi um poeta lírico e satírico, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga.
Vale ressaltar que nessa época muito do que se estudava estava relacionado, principalmente, com a oratória.
Na Idade Média
Na Idade Média, a Teoria Ortodoxa da Escrita dos Sentidos quádruplos estabelecia que a Bíblia poderia ser estudada de quatro pontos de vistas: lexical, alegórico, moral e anagógico (interpretação mística).
Esta metodologia de estudo também contribuiu para o que mais tarde viria se chamar Teoria Literária.
No Século XX
No sentido moderno, a Teoria Literária surge com o Formalismo Russo e a NeoCrítica, ambos no século XX, a partir de 1915.
O Formalismo Russo foi a primeira escola literária que questionou o que vem a ser um texto literário (literariedade) e o que seria um texto comum (não literário).
Os movimentos do século XX romperam com qualquer corrente de estudo anterior ao tomarem as rédeas do método, rompendo com a ideia de que a literatura precisava de outras ciências para ser estudada.
Os métodos e modelos passaram a ser explicitamente aqueles ligados à literatura: o autor, o texto, o leitor, o código, o contexto.
O autor no centro da teoria
Autor/emissor: neste método, o estudo busca resumir as intenções do autor, encontrar a resposta sobre o que ele pretende transmitir com seu texto.
Pode se tornar ainda mais específico, se o estudo diferenciar o autor histórico do autor implícito (W. C. Booth) ou da função do autor (Foucault).
O texto no centro da teoria
Mensagem/texto: o importante aqui é analisar a narrativa, a trama, os personagens, a intertextualidade do texto.
O leitor no centro da teoria
Receptor/leitor: a Estética da Recepção surgiu quando o leitor passou a ser o centro de estudo dos textos literários, que busca analisar qual o impacto de uma obra sobre os leitores, como leitor e obra se comunicam e o que dentro de um texto é capaz de mover o coração do leitor.
O código é o centro da teoria
Código: quando o código se torna o alvo de estudo das obras literárias, entramos no campo da semiótica, teorias da identidade e alteridade cultural, deconstrução e da Hermenêutica de Gadamer.
O contexto no centro da teoria
Contexto: nesta metodologia, o texto é entendido não como uma estrutura primária, mas como reflexo, ramificação, extensão de situações históricas e sociais. A interpretação literária marxista. o Novo Historicismo, a Ciência da Cultura são exemplos de métodos de estudo que focam o contexto.
As principais linhas da teoria literária
As principais linhas da teoria literária com seus principais autores são:
O Formalismo Russo (primeiras décadas do século passado), com Mikhail Bakhtin e Vladimir Propp.
O Estruturalismo Tcheco (década de 30 do século passado), com Roman Jakobson.
O Pós-Estruturalismo francês, com Roland Barthes.
O Desconstrutivismo franceses, com Jacques Derrida.
A Estética da Recepção alemã (década de 60 do século passado), com Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser.
A Crítica de Gênero (década de 70 do século passado), com a norte americana Joan Scott .
Os Estudos Pós-Coloniais (a partir da década de 80 do século passado), com o palestino Edward Said.
Os Estudos Culturais (a partir da década de 80 do século passado), com o argentino Noé Jitrik.