Formalismo Russo

Os fundadores do formalismo russo

De 1914 até a década de 30, na Rússia, um grupo de escritores e críticos literários promoveram um movimento que mudou para sempre a maneira como enxergamos um texto. Esse movimento ficou conhecido como Formalismo Russo.

Seus principais expoente foram: Viktor Chklovsky, Vladimir Propp, Yuri Tynianov, Boris Eichenbaum, Roman Jakobson e Grigory Vinokur.

Essa escola de crítica literária pretendia estabelecer o estudo da especificidade e da autonomia da linguagem poética e literária e se opunham ao historicismo e à crítica acadêmica social, pois achavam estas abordagens rasas e monótonas.

Movimento Múltiplo

Não existia uma doutrina unificada. Aliás, os formalistas compunham dois grupos distintos:

  • a Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética (Opojaz), em São Petersburgo.
  • o Círculo Linguístico de Moscou, em Moscou.

E até mesmo o nome “formalismo” era, de certa maneira, mal visto por eles.

“É difícil recordar quem criou este nome, mas não foi uma criação muito feliz. Deve ter sido conveniente como um grito de guerra simplista, mas ele falha, como um termo objetivo, ao delimitar as atividades da ‘Sociedade para o Estudos da Linguagem Poética’.”

Boris Eichenbaum

O que estudavam os Formalistas?

Os formalistas estudavam a literatura por ela mesma. Buscavam identificar o que a distinguia de outras atividades humanas.

De forma bem direta, eles queriam chegar a um consenso sobre o que faz um texto ser ou não ser literário.

Outro ponto importante seria priorizar toda questão literária em relação a outras questões da crítica literária, fossem elas filosóficas, estéticas ou psicológicas.

Os formalistas buscavam encontram os dispositivos presentes no texto capazes de o diferenciar de um texto não literário. Defendiam um método “científico” para o estudo da linguagem poética. Isso ocorreu porque as abordagens da época focavam em estudos de psicologia e antropologia, ao invés de buscar na própria linguagem suas explicações.

Os modelos formalistas

  • Formalismo mecanicista: segundo este método, as obras literárias se comparam a máquinas. O homem usa matéria-prima para sua construção. A arte é um procedimento, soma de dispositivos artísticos e literários manipulados para criar sua obra. Seu principal representante foi Viktor Chklovsky, líder da Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética (Opojaz).
  • Formalismo orgânico: surge com o desapontamento de formalistas com o modelo mecanicista. Tem com Vladimir Propp, seu maior representante. O texto narrativo é comparado a um organismo biológico que possui características que se repetem em todos os demais textos como as partes fisiológicas compartilhadas por todos os seres humanos. Propp estudou 100 contos fantásticos de diferentes autores russos e encontrou padrões idênticos neles.
  • Formalismo linguístico: nesse método, a linguagem poética torna-se o foco do estudo dos formalistas. Estudaram com meticulosidade a versificação russa e seus recursos (rima, onomatopeia, aliteração e assonância), assim como a relação entre a função poética e emotiva. O maior representante deste método foi Roman Jakobson.

1930 e o legado do formalismo

Por decisão política de Joseph Stalin, a corrente de crítica literária foi interrompida na Rússia em 1930.

Desde seu início, o movimento recebeu seu nome, formalismo, por seus detratores com a intenção de tentarem difamar as intenções dos teóricos.

Contudo, os maiores expoentes do movimento já se encontravam fora da Rússia e suas teorias começaram a ganhar traduções que mais tarde fizeram com que seus conceitos se expandissem.

Tzvetan Todorov, filósofo, romancista e crítico búlgaro, foi um dos maiores contribuintes com o trabalho dos formalistas russos do início do século XX.

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